Os principais eventos e realizações a seguir foram executados a partir do ano 2.000. Ano da reforma e ampliação física do espaço, ocasião em que o Garatuja, adquiriu as características atuais.
Índice:
Habitats - Mostra Internacional de Gravura - Conhecer para Conservar - Animações - Pintura de motivação religiosa feita pelos integrantes das congadas - Oficinas Kinoforum de Realização e Produção Audiovisual - Universo Poético Musical dos Congadeiros de Atibaia - Garatuja Quadrinhos - Dança: Corpo, Tradição e Movimento Brasileiro - Peça Cinestesias - Marujos e Marinheiros Aprendizes da Sabedoria - Festa de 25 anos do Garatuja - Peça Parolas
A peça HÁBITATS teve inicio em 2001 a partir da criação do grupo cênico Terrícolas e Terranteses, formado através das oficinas de dança do Garatuja. Criação coletiva, com direção de Élsie Costa, a peça é uma tríade que compõe com elementos do homem aculturado e nativo, existentes dentro de nós. São três momentos na busca da identidade onde foram adotados caminhos diversos. Errantes Telúricos foi uma composição racionalizada a partir de ações corporais simples, pessoais, voltada ao universo urbano; Festa da Cumeeira – A Dança do Brasil foi centrada em elementos da expressão cultural regional, seu cotidiano seus significados e Estrela Feminina e Criação do Milho, do universo relativo a uma lenda indígena. Os três universos cotidianos se fundem num só: o da criação artística. Várias facetas aparecem como, o feminino, o masculino, o rural, o urbano, o nativo, a devoção, a penitência, o trabalho, o brinquedo, estados da natureza, o imaginário, o sagrado e o profano. A peça Hábitats incluiu apresentações com debates para escolas, foi apresentada para os quatro grupos de congadas de Atibaia. Uma das apresentações foi realizada no próprio bairro Morro Grande / Boa Vista dos Silva, onde residem os participantes da congada azul, em Bragança Paulista. Em Campinas a apresentação aconteceu para estudantes universitários no TUGUDUM Centro de Percussão e Dança. Um grupo de alunos de Biologia da Universidade de Columbia EUA e participantes de cursos no IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas também assistiu ao espetáculo. Segundo Lílian Vilela, bailarina e coreógrafa formada pela UNICAMP e membro da Dance and the Child Internacional/UNESCO. “ Habitats é um trabalho de força e sutilezas. Tecido de delicados corpos juvenis que desenvolvem com profunda dedicação o trabalho árduo de realizar dança cênica do/no Brasil. Denso e lírico faz poesia com sons e corpos deste Brasil tão vasto que atordoa os próprios “nativos”. A trajetória coerente da direção de Élsie Costa indica o caminho traçado pelo grupo de descobertas na realização de um fazer artístico brasileiro. É um presente para os congadeiros, para o povo de Atibaia e, para todos nós, apreciadores de arte com qualidade estética, sem padrões óbvios... nem clichês”.
Mostra Internacional de Gravura
Em 2001 o Garatuja realizou a 10 Mostra Internacional de Gravura, que teve continuidade nos três anos seguintes. As quatro mostras tiveram a curadoria de Paulo Cheida Sans, com apoio de Celina Carvalho e foram selecionadas do acervo do Museu Olho Latino. Essas mostras permitiram aos interessados da região conhecer trabalhos de qualidade, nas mais diversas técnicas de reprodução da imagem como: gravura em metal, xilogravura, serigrafia, e outras, além de abrir caminho para a implantação definitiva do Museu Olho Latino na cidade. Cerca de trinta paises estavam presentes como: Argentina, Áustria, Austrália, Alemanha, Bangladesh, Bélgica, Canadá, Cuba, Coréa, Dinamarca, Egito, Equador, França, Finlândia, Grécia, Hungria, Israel, Índia, Itália, Inglaterra, Iugoslávia, México, Peru, Polônia, Uruguai, República Tcheca, além do Brasil.Uma das Mostras foi dedicada exclusivamente à gravura japonesa, que contou com painel didático sobre a arte do Ukiyo-e. Aconteceram também mostras paralelas, como do artista gráfico Joaquim Gimenes Salas, de Atibaia; do gravador Romildo Paiva, que também coordenou workshop; de alunos de gravura artística da PUC-Campinas; do Núcleo Olho Latino; das crianças do curso de gravura do Garatuja e demais artistas da região. Num dos programas da mostra o curador Paulo Cheida cita: “ A gravura é um segmento artístico de enorme potencial através dos tempos. No ciclo da contemporaneidade essa arte tem merecido especial atenção por parte de especialistas. No entanto, mesmo tendo um caráter relevante de inegável importância no cenário cultural de modo geral, dada a sua especificidade técnica laboriosa, ainda necessita de estímulo para ser apreciada e entendida por um público maior. Assim, o Garatuja - Oficinas de Arte realiza uma nova edição da Mostra Internacional, proporcionando à cidade de Atibaia mais um evento significativo. Trata-se de uma apreciável mostra, que muito bem representa a gravura como meio expressivo...”
O projeto Conhecer para Conservar foi elaborado, em 2001, com a intenção de contribuir para a conservação de importantes bacias hidrográficas de São Paulo através da educação ambiental. Foi promovida pelo Consórcio Intermunicipal das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí e IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas. O projeto envolveu vários segmentos sociais por meio de palestras, caminhadas interpretativas em remanescentes da mata atlântica, visitas a estações de tratamento de água e a viveiros florestais municipais, distribuição de sementes de árvores nativas e jogos ecológicos. O Garatuja contribuiu com a oficina de fotografia artesanal destinado a cerca de quinhentos estudantes de escolas públicas. Através dessa técnica, também conhecido como pinhole, as crianças puderam registrar o rio e seu entorno utilizando câmaras fotográficas construídos por eles a partir de caixas de sapatos, de leite, latas de conservas ou outros recipientes usados. Para as crianças, o fato de fotografar de maneira tão simples, e pelo inusitado do processo, foi “mágico” e uma rara oportunidade de refletir sobre a imagem captada. O resultado obtido foi transformado em calendário para o ano seguinte e uma exposição com mais de 400 fotos pinhole, que circulou por nove cidades da região: Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Campinas, Itatiba, Joanópolis, Nazaré Paulista, Piracaia, Valinhos e Vinhedo. Acompanhava a exposição uma máquina fotográfica gigante, feita em madeira, onde os estudantes entravam em seu interior para verificar o principio ótico da formação da imagem. Esse projeto foi um bom exemplo da importância da arte associada a educação. Em 2002, o mesmo processo foi aplicado no Projeto Semana da Árvore, de Campinas.
As animações com crianças são desenvolvidas no Garatuja desde 1997. No inicio não havia as facilidades das técnicas digitais de hoje, e as animações eram feitas em película Super-8. A partir de 2002 as novas tecnologias passaram a ser utilizadas, não descartando o velho processo. As oficinas ainda são realizadas utilizando-se da película Super-8 sempre que a faixa etária da oficina seja condizente. O Garatuja acredita que a formação artística deve se apoiar em processos históricos sempre que possível. Exibir filmes com projetores Super 8 ou 16mm, com aquele peculiar barulhinho dos carretéis em movimento é uma experiência única nos tempos atuais. Cortar e colar na moviola, calcular a quantidade de película necessária através da decupagem de roteiro, são ações que dão aos jovens maior responsabilidade ao fazer artístico e o toque de magia necessária para despertar o interesse e curiosidade sobre a arte cinematográfica. Fazem parte das oficinas à construção de brinquedos óticos e apresentação de audiovisuais sobre os processos históricos, clássicos da animação e outros que ampliem e tornem o aprendizado mais lúdico. As crianças que passaram por estas vivências, de certo mudaram seu jeito de olhar o mundo das imagens, e absorvem os recursos técnicos digitais com maior sentido. Algumas das animações e desenhos animados produzidos: O Acidente da Tam, Saci Atrapalhado, O Balão, A poluição, Castelo Misterioso, Joanito, Filhotes Sapecas, O Tarado, Pintor, O Lobisomem, Um Dia na Floresta, Como é Difícil Jogar Futebol, Reciclando a Vida, Pro Beleléu !, A Turma da Lua, Sonho, entre outros. Assas animações participaram de importantes festivais como: Anima Mundi 2007 e 2009, Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo 2007 e 2009, Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Múmia-, etc
Pintura de motivação religiosa feita pelos integrantes das congadas
Com o intuito de estimular a pintura popular de motivação religiosa entre as congadas, o Garatuja colocou o espaço, material e orientação à disposição dos integrantes das cinco congadas da cidade. As pinturas que vem sendo feitas últimamente são de autores com influência acadêmica. Os desenhos encontrados normalmente, são extraídos de riscos feitos sobrepostos a outras imagens impressas industrialmente. O processo adotado pelo Garatuja, é a observação das imagens, bi e tridimensionais existentes dos santos e personagens bíblicos, e o traçado natural de cada participante da oficina. Assim, os desenhos ficarão diferenciados de acordo com a visão pessoal de cada um. Retomar a pintura e o desenho com características populares, neste contexto, é um desafio, pois já se pratica bem pouco o desenho, em decorrência das formas de reprodução de imagens existentes como hot stamp, plotter, xerox e outros meios onde se consegue figuras prontas. Dos 15 interessados que participaram, três saíram vitoriosos que encararam até o fim a tarefa de desenhar e pintar as bandeiras. Isso já e um importante passo para a continuidade da iniciativa que merece estímulo e apoio para sua continuidade.
Oficinas Kinoforum de Realização e Produção Audiovisual
Em 2005 foi realizada, em parceria com a Associação Kinoforum as Oficinas de Realização e Produção Audiovisual que tinha como proposta aproximar a população do cinema enquanto forma de expressão popular, viabilizando a produção de filmes em formato digital. Essa oficina foi direcionada a jovens interessados de escolas públicas e contou na cidade com a parceria da Casa do Caminho, Escola Carlos José Ribeiro, Consciência Solidária e Projeto Curumim. Como resultado foram produzidos os curtas A Bomba, Maníacos do Parque, João 100 Medo e Crepúsculo. Os vídeos participaram do 160 Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo e o curta A Bomba foi selecionado no Festival de Cuiabá – MT. Ocorreram também duas exibições, em praça pública, dos vídeos produzidos aqui e de outras oficinas do mesmo projeto. A oficina teve a coordenação do cineasta Christian Saghaard e da equipe do Kinoforum.
Universo Poético-Musical dos Congadeiros de Atibaia
Esse projeto foi contemplado pela Petrobras, a partir da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e trouxe à tona a importância social da música e da poesia das congadas de Atibaia. Realizado em 2005, em parceria com a Associação Cultural Cachuera ! , resultou num material multimídia da memória e tradições dos congadeiros de Atibaia, que têm mais de 200 anos de história, envolvendo diretamente quatrocentas pessoas para sua realização. A pesquisa foi materializada no livro Balanceia Meu Batalhão, no Cd Cor da Nossa Terra e no Vídeo Oi Lá no Céu!. Segundo a pesquisadora Élsie Monteiro da Costa, coordenadora do projeto, as Congadas são manifestações de religiosidade popular, de motivação africana com influência ibérica, existentes em todo país. Consiste numa dança guerreira. Cada grupo de Congada em Atibaia denomina-se “terno” e é caracterizado pela cor da farda. Em Atibaia, havia quatro ternos. O quinto batalhão (dos Marinheiros) que estava sem atuar a 14 anos, foi retomado com o projeto. A Associação Cachuera!, com sede em São Paulo, foi responsável pela assessoria técnica na produção do CD e do Vídeo que fazem parte do projeto. Os congadeiros, que pertencem a uma comunidade menos favorecida, tiveram acesso inédito a uma tecnologia de primeira linha. Isso permitiu uma maior compreensão dessa cultura por outros segmentos da sociedade. A iniciativa do Instituto Garatuja de encaminhar o projeto ao edital Petrobras Cultural, possibilitou publicar em livro a pesquisa de mais de uma década. A função do projeto não tem finalidade lucrativa, podendo funcionar como auxílio para as comunidades envolvidas. Parte do material produzido foi encaminhado à Petrobras, ao Ministério da Cultura e ao Sistema Nacional de Bibliotecas.
Em 2006, o Garatuja promoveu em Atibaia a oficina Da Nossa História aos Quadrinhos, voltada a adolescentes interessados nessa linguagem. A Secretaria de Estado da Cultura e ASSAOC através da Oficina Cultural Circuito das Águas e Região Bragantina. A realização foi do Instituto de Arte e Cultura Garatuja, que disponibilizou espaço e equipamentos para sua realização. Coordenada por Marcio Zago, a oficina abordou dados históricos, estrutura e produção de uma HQ. As informações teóricas, que incluiu visita a uma gráfica, e o conteúdo prático objetivaram a realização de uma revista com a participação de todos os participantes. O Instituto de Arte e Cultura Garatuja promoveu essa oficina a partir de maio, com duração de três meses. Exposição dos originais também fez parte do programa de lançamento do Gibi na cidade de Amparo. A Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura de Atibaia também foi parceira no projeto viabilizando a publicação do Gibi.
Dança: Corpo, Tradição e Movimento Brasileiro
Esse foi o nome do curso realizado durante um semestre para diretoras, coordenadoras e supervisoras da Rede Municipal de Educação de Atibaia, através da Secretaria de Educação e Cultura. O curso, de forma prática e teórica, enfocou e esclareceu vários aspectos quanto à dança funcional e/ou arte, atenção à anatomia específica, história e linguagem do movimento expressivo, reprodução e/ou criação, dançarino/interprete, coreógrafo/artista-criador, entre outras coisas. As aulas foram ilustradas com audiovisuais, filmes, materiais cênicos, exposição de livros e com vasto material apostilado de textos sobre a dança. As diretoras e supervisoras de ensino da Prefeitura, preocupadas com a inclusão das práticas corporais e da dança de forma mais ampla na educação, vivenciaram no curso a associação de técnicas corporais que vão desde a concepção da dança clássica, à moderna e contemporâneas, incluindo práticas corporais alternativas e danças das culturas populares. Todo o processo do curso foi contextualizado com a história envolvida na expressão desta arte, proporcionando-se a vivência prática aliada à reflexão. Técnicas de vários estudiosos da dança foram abordadas respeitando-se os limites de cada participante. Dentre os trabalhos realizados, foram fundidos elementos de várias técnicas corporais como Tai Chi Chuan, do método de Feldenkrais, de Rudolf Laban, e outras técnicas da dança moderna. Dentre as danças populares praticadas dinâmicas de movimento da ciranda, do cacuriá, do coco, do frevo, do cavalo marinho (danças do mergulhão e dos Galantes), do jongo, do samba de roda, samba paulista e de umbigada, do bumba-meu-boi, do maracatu, do moçambique com bastão, e das danças regionais pesquisadas por Élsie da Costa, como o Bon Odori, a Dança do Porretinho (feita pela congada Azul), a congada com manejo de bastões e espadas, a dança de São Gonçalo e movimentos e figurados coreográficos das danças da Congada de Atibaia. O curso incluiu, de forma integrada, aulas práticas de percussão orientadas por Luciano Girardelli e Vitor Zago.
Depoimento Sobre o Curso:
“Tivemos uma visão mais ampla sobre a importância do movimento, e através dessa vivência percebemos infinitas possibilidades, mesmo deparando com nossas próprias limitações. O trabalho desenvolvido conosco trouxe um conhecimento vivenciado e todo entusiasmo, emoção, em cada aula realizada. Foi mesmo contagiante. Muito obrigada! O resultado foi visível, fortaleceu em nós a segurança para poder transmitir, o quanto a cultura popular soma de sabedoria através de sua poesia, música e, dança, e que, muitas vezes estão ocultas. É o que precisamos trazer para o nosso dia a dia junto aos nossos alunos, resgatando e valorizando a nossa própria cultura. Élsie, posso dizer a você: passei a ter um olhar diferente e com certeza nos acrescentou muito esta oportunidade que tivemos em participar desse trabalho, nos proporcionando maior percepção. Não poderia deixar de dizer quanto achei linda a poesia que existe nas cantigas dos congadeiros e que emerge com profundidade e simplicidade as riquezas e a beleza de nossa querida ATIBAIA.” (Maria Antônia Tonon – Diretora da EMEI Florêncio Pires de Camargo).
Cinestesia - Sentido pelo qual se percebem os movimentos musculares, o peso e a posição dos membros. Cinestesias foi o nome da apresentação de trabalhos criados em 2008, que enfocavam, de forma recriada, elementos históricos do processo artístico que passou, ou vem passando a dança, além de aspectos do corpo em movimento. As vivências instigavam um constante desmontar e montar de movimentos e ações em busca de pequenas obras cênicas, onde os dançarinos se transformavam para poder transformar seu público. Havia a utilização da linguagem do balé, incorporando um tom caipira romântico. O fator Espaço enfatizado pelo constante uso do nível alto, dos planos verticais e do desenho geométrico do balé. Revezava-se a Fluência Livre e a Controlada e a Leve quanto ao fator Peso. Enfatizava-se o deslocamento e o movimento flexível criando um contraponto entre o feminino e o masculino que utilizava deslocamento e movimentos diretos. Através da oficina de percussão africana, ministrada por Fernando Ferrer, elementos do ritmo africano foi incorporada a peça através do Soli, ritmo que acompanha os rituais da iniciação à circuncisão. Começa a ser tocado, três meses antes da circuncisão, mas não todos os dias. Na semana que precede o ritual, Soli é tocado todos os dias. No último dia toca-se a noite inteira até as seis horas da manhã. Depois, as roupas dos meninos são entregues às mães e não se ouve mais Soli. Em meio rural nunca se ouve Soli fora deste contexto, porém na capital Konakry o Soli é tocado fora do contexto ao qual é ligado.
Marujos e Marinheiros Aprendizes da Sabedoria
Em 2007 o Garatuja realizou o projeto Marujos e Marinheiros, aprendizes da Sabedoria através do Programa de Ação Cultural – PROAC, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. A proposta básica foi tornar as congadas mais conhecida e compreendida por parte de crianças e jovens em seu próprio meio. A preocupação com essa forma de ação já era antiga quando se percebia que os jovens, que fazem parte das congadas, eram ironizados pelos colegas nas escolas. A idéia se firmou quando numa palestra realizada em Escola Pública se constatou que apenas 10% dos alunos conheciam ou tinham visto as congadas de sua própria cidade. A proposta foi criar em forma de oficina, cursos que desenvolvessem as artes plásticas, no que toca o imaginário popular, danças, cantos e ritmos de outras localidades do País de forma a evidenciar a importância das culturas locais. Dentro das atividades incluiu-se o conhecimento sobre as congadas dando visibilidade e valorização para os estudantes congueiros, enfatizando sua cultura como algo que lhes dá dignidade. O projeto foi intitulado Marujos e Marinheiros Aprendizes de Sabedoria, pelo fato de tratar da transmissão de saberes tradicionais, que são passados de pai para filhos, e o termo “marujo” significar as crianças e jovens dos batalhões. O curso envolveu a comunidade participante da Congada Azul, sediada no bairro do Morro Grande, Bragança Paulista. As oficinas aconteceram no próprio sitio de seo Zé Souza. Participaram pais e crianças, estudantes do ensino fundamental das escolas públicas, E.E. João Rissardi Junior, Escolas Municipais Rurais do B. Morro Grande. A conseqüência do projeto foi a realização de Mostra de Trabalhos com uma exposição de Pinturas e Gravuras e apresentação de danças tradicionais, como a brincadeira do Bumba-Meu-Boi e a dança da Congada na escola da Água Comprida E. E. João Rissardi Junior, que se envolveu com o projeto. Em Atibaia a participação aconteceu com as crianças estudantes do ensino fundamental da Escola Estadual Estudante Edinaldo Salles. Com as oficinas de canto, dança e ritmo, foi possível passar aos estudantes esta tradição atibaiense. A apresentação do resultado do curso foi feito com a presença dos integrantes da Congada Branca para pais, alunos e corpo docente, que lotaram o pátio da escola. As aulas com finalidade artístico-culturais também contaram com a participação de Vitor Zago (percussão). Os ritmos dos instrumentos foram ensinados um a um, para todo o grupo, de forma que todos pudessem aprender todas as funções de um batalhão de congada, incluindo-se os movimentos, manejo das espadas, volteios e contra-marchas, guiados pelo apito da Capitã. O Batalhão Mirim dos marinheiros que se formou foi integrado à Congada Branca, um dos objetivos do projeto.
Em outubro de 2008 aconteceu a festa comemorativa aos 25 anos do Garatuja marcado com muita alegria, dança, exposição, percussão e congadas. Havia outro motivo importante para ser comemorado: a habilitação do Garatuja como Ponto de Cultura. O evento contou com a presença de Célio Turino, Secretário de Programas e Projetos Culturais do Ministério da Cultura. A equipe da TV Brasil também acompanhou todo o evento, desde os preparativos iniciais até o final, visando à produção do documentário Cultura Ponto a Ponto que foi ao ar, em rede nacional, pela TV Brasil. No Teatro de Bolso do Garatuja tiveram lugar as apresentações de dança, com a peça Cinestesias, e de percussão com o grupo formado a partir das oficinas. Aconteceu ainda uma mostra animações realizadas com crianças. No final da tarde as congadas verde, vermelha e rosa se apresentaram na rua em frente. E para finalizar foi aberta a Exposição do Acervo Lúdico do Garatuja no espaço do fundo, composta de brinquedos populares e trabalhos infantis realizadas em diferentes técnicas. Essa mostra permaneceu aberta até o dia....recebendo grande número de visitantes, basicamente composta por alunos de escolas públicas.
Parolas é uma criação coletiva, finalizada em 2009, com direção de Élsie da Costa e participação de Roberta Forte e Isis Gonçalves. Realizado pelo grupo cênico Terrícolas e Terranteses, do Instituto Garatuja o trabalho interage e integra dança e teatro de forma surpreendente. A pesquisa partiu das qualidades de esforço e dos fatores de movimento. Danças compostas a partir dos sons de palavras e pequenos textos onde foram criados e aplicados os fatores de movimento e as qualidades relativas ao Esforço. Do movimento, das ações corporais, dos sons, dos verbos, das palavras se criou a dança em textos corporais e verbais. Do corpo à fala, do som da fala ao corpo. Procurando onde começa o teatro ou a dança, o trabalho de Élsie da Costa mistura os conteúdos destas duas gavetas. A dança sim foi ponto de partida para a linguagem verbal. O projeto que se desenvolve é patrocinado pelo Ministério da Cultura através do Programa Cultura Viva.